Manaus enfrenta mais um capítulo de descaso com o cidadão. Nesta quarta-feira (19), os vereadores da Câmara Municipal de Manaus (CMM) aprovaram um requerimento para convocar a concessionária Águas de Manaus a explicar o exorbitante reajuste de 12,32% na tarifa de água, em vigor desde o início deste ano. O impacto desse aumento recai, como sempre, sobre os mais pobres, enquanto a empresa tenta justificar a cobrança com promessas de investimentos e cláusulas contratuais.
A reunião para esclarecimentos será realizada pela 16ª Comissão de Água e Saneamento da CMM, ainda sem data definida. O presidente da comissão, vereador Allan Campelo (Podemos), exige explicações não apenas sobre o aumento, mas também sobre as metas e investimentos prometidos para 2025. Ele reforçou que o cumprimento do Termo de Ajustamento de Gestão (TAG), firmado durante a CPI de 2023, será cobrado.
Outros parlamentares, como Zé Ricardo, também criticaram o reajuste. “Esse aumento atinge principalmente os mais pobres. Precisamos entender como foi calculado, porque os salários dos trabalhadores não acompanham esse percentual”, disse Zé Ricardo, levantando uma questão que ressoa entre os manauaras.
Em nota, a Águas de Manaus alegou que o reajuste está previsto no contrato de concessão e citou investimentos para melhorar o abastecimento na cidade. Porém, para a população, isso soa como um eco vazio, considerando os recorrentes problemas de falta d’água e serviços precários.
Mais uma vez, o cidadão é quem paga o preço pela ineficiência e pela falta de sensibilidade social. É urgente que a Águas de Manaus prove que está realmente comprometida em oferecer um serviço à altura do que a cidade merece, ou que as autoridades reavaliem a concessão e suas cláusulas leoninas.
NOTA DA ÁGUAS DE MANAUS:
“O saneamento básico de Manaus segue avançando com investimentos contínuos e medidas que garantem qualidade ao serviço. As correções tarifárias anuais estão previstas no contrato de concessão e na lei que regulamenta as concessões públicas e são essenciais para garantir a execução dos investimentos. O reajuste de 2025 passou a vigorar em janeiro, após todas as etapas de aprovação por parte da Agência Reguladora dos Serviços Públicos Delegados do Município de Manaus (Ageman). Os investimentos feitos desde 2018 garantiram a universalização do serviço de água e a ampliação dos índices de esgotamento sanitário na cidade, com previsão de alcançar 90% de cobertura em menos de dez anos. Além disso, mais de 600 mil pessoas são protegidas pela Tarifa Manauara e pela Tarifa 10, que oferecem descontos à população em situação de vulnerabilidade social. O litro da água tratada pela concessionária segue custando uma fração de centavo (R$ 0,0006 por litro). Entre os serviços essenciais em Manaus, a água continua sendo o mais barato”, disse em nota.