O vereador mais votado de Manaus, Sargento Alexandre da Silva Salazar (PL), enfrenta uma acusação de homicídio feita pelo Ministério Público do Amazonas. O caso diz respeito a um incidente ocorrido em junho de 2019, quando Salazar teria disparado seis tiros contra um homem supostamente envolvido em um roubo em um ponto de ônibus, enquanto estava de folga.
De acordo com a denúncia obtida pela Folha de S. Paulo, Salazar perseguiu os suspeitos, colidiu com a moto utilizada por eles e disparou contra um dos homens, Felipe Kevin de Oliveira Costa, de 27 anos, que veio a óbito. O outro suspeito conseguiu fugir. Investigações apontam que Felipe Kevin não era o assaltante armado, e a mulher que teve a bolsa roubada confirmou que ele não era o autor do crime. Imagens de segurança também mostram que o carro de Salazar e a moto dos assaltantes vieram de direções diferentes antes do impacto. Salazar afirmou que reagiu a uma troca de tiros, mas a investigação não encontrou armas no local.
Salazar, que ganhou notoriedade nas redes sociais por vídeos que destacam a rotina policial, foi eleito com 22.594 votos, contando com o apoio do ex-candidato a prefeito de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB). Apesar do apoio popular, sua trajetória profissional é marcada por polêmicas. Desde 2009, ele foi mencionado em pelo menos 24 investigações ou ações judiciais, a maioria relacionada a crimes militares, abuso de autoridade e homicídios.
Em setembro de 2024, um inquérito militar concluiu que Salazar cometeu abuso de autoridade e transgressão de disciplina ao divulgar imagens de uma detenção. Ele foi colocado na reserva após ser diplomado como vereador. Apesar disso, sua defesa argumenta que ele nunca foi condenado e apresentou uma lista de 45 elogios recebidos de superiores como prova de sua dedicação profissional.
Salazar negou as acusações e afirmou que foi inocentado em todos os outros processos em que foi citado. “Vou me defender nas redes sociais e processarei o jornal caso haja fake news”, declarou. Seu advogado, conhecido apenas como Carioca, minimizou o número de processos enfrentados por seu cliente. “O profissional que trabalha na rua está fadado a ter processos”, disse.
O Ministério Público segue investigando o caso. A Polícia Militar do Amazonas não informou quantos procedimentos administrativos foram abertos contra Salazar, mas afirmou que os trâmites estão sendo conduzidos conforme as leis vigentes.
NOTA DO MP-AM
Em relação a esse processo, basicamente o MPAM ofereceu denúncia em outubro do ano passado, a qual foi subscrita pelo promotor que então respondia pela 16ª Promotoria de Justiça, Leonardo Tupinambá.
Segundo o atual promotor do caso, Thiago de Mello, como titular da ação penal, o MPAM continuará acompanhado, de perto, o processo, que está bem instruído com provas em vídeo nos autos, aguardando julgamento.
O processo tramita na 2ª Vara do Tribunal de Júri Popular.